Educação e alimentação
No rastro dos arrombamentos, prejuízos à merenda
Sem reposição total dos utensílios de cozinha furtados, escola ainda não conseguiu normalizar o cardápio; nas quadras esportivas, consequências da violência são a falta de luz
Paulo Rossi -
Atualizada às 21h28
Os efeitos dos sucessivos arrombamentos no Colégio Municipal Pelotense podem ser sentidos na hora da merenda. Os dois primeiros dias de aula foram sem alimentação distribuída aos cerca de três mil alunos.
Nesta quarta-feira (8), o cartaz permanecia afixado no refeitório: Não tem merenda! Motivo: roubaram todos os utensílios da cozinha. Na hora do recreio, maçãs e bananas foram servidas aos estudantes, enquanto a solução definitiva não vem. Materiais encaminhados pela Secretaria de Educação e Desporto (Smed), no final da manhã, não são suficientes para a normalização do cardápio. Refeições, por exemplo, ainda não poderão ser nem preparadas nem servidas.
Verbas gerenciadas pela própria instituição, através do Plano de Aplicação de Recursos Financeiros (Parf), serão utilizadas para reposição - confirma o diretor Arthur Katrein. O Conselho Escolar ainda dimensiona o tamanho do prejuízo. Mas, com certeza, não será pequeno. Os ladrões fizeram uma limpa na cozinha: panelas, fôrmas, tigelas, bacias, copos e talheres... A maioria dos utensílios foi levada. Só sobraram dois liquidificadores e pratos. Até os uniformes das merendeiras e o relógio foram furtados.
Ao comentar as medidas que poderão ser implementadas para barrar novos arrombamentos, o diretor não esconde o tom de decepção de que o ambiente da escola, símbolo de educação e formação cidadã, tenha de se transformar em novo cenário, possivelmente, cercado de concertinas. "Lamentamos que a escola acabe se constituindo assim, mas reconhecemos o mundo de hoje, a violência e os problemas sociais". A instalação de um alarme também já foi solicitada à prefeitura, ainda que o Colégio Pelotense conte com sistema de câmeras e um guarda municipal de prontidão.
Cozinha sem merenda; quadras esportivas sem luz
A ação dos assaltantes traz consequências à prática de Educação Física. O primeiro dia de aula, na segunda-feira, foi de descoberta de que cerca de 15 metros de cabos de energia elétrica foram levados, em uma das sete vezes que a instituição foi invadida durante o período de férias.
O secretário de Educação, Artur Corrêa, garante que a situação será resolvida o mais rápido possível. Uma equipe de engenharia já esteve no local, para análise técnica. Ao avaliar os episódios, admitiu: "Infelizmente, os roubos têm sido sistemáticos na rede", lamenta.
Escolas infantis também são alvo
- Zola Amaro: Em quatro meses, o prédio provisório, na avenida Duque de Caxias, foi arrombado três vezes: em outubro, dezembro e janeiro. A lista de prejuízos é longa: duas TVs de 32 polegadas, forno elétrico e aparelho de lava-jato. Em um dos episódios, os ladrões chegaram ao ponto de remover as dobradiças de uma das portas, para poder furtar uma secadora de roupa, com capacidade de dez quilos. Hoje, com a maioria dos itens repostos, a direção da escola comemora a presença da Guarda Municipal. Só o alarme já não era suficiente para inibir as ocorrências - conta a diretora Eliane Nunes.
- Dyrio Gorgot: A escola também entrou na mira, em novembro e em janeiro. E a lista também é vasta - afirma a diretora Ângela Haddad, em meio ao receio de voltar a compor as estatísticas de assaltos da rede municipal de ensino. Aparelho de som, liquidificador industrial, datashow, aparelho multiprocessador, torneira elétrica... E vidro quebrado na escola, que ainda comemora o novo prédio, hoje com capacidade de acolher 120 alunos. Antes da ampliação eram 46.
- Cassiano Ricardo: A tarde desta quarta foi de instalação de alarme na escola Cassiano Ricardo, que registrou um dos arrombamentos mais absurdos dos últimos tempos. Os ladrões chegaram ao ponto de levar freezer e geladeira, afora uma série de outros aparelhos menores, como rádio portátil e impressoras - relembra a diretora Vanessa Crizel. A ação dos bandidos caiu como balde de água fria, após a conclusão das obras que elevaram o número de alunos de 40 para 65.
- Bernardo de Souza: A maior escola da rede de Educação Infantil também entrou no roteiro dos ladrões nesta semana. Entre os furtos, uma televisão.
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